A lesão meniscal é relativamente comum, quase 15% de todas as lesões do esporte. Mas você sabe o que é o menisco? O menisco é uma estrutura fibrocartilaginosa (composto por 70% de agua).Temos 2 meniscos (lateral e medial), subdivididos em corno anterior e posterior. O menisco lateral é menor, mais móvel e tem o formato circular, já o menisco medial tem um formato de C e é menos móvel.
Então para que servem os meniscos? Eles funcionam como um amortecedor das cargas na articulação do joelho, ajudam a nutrir a cartilagem articular e melhoram a congruência articular, auxiliando na estabilidade. É interessante saber que eles não são bem vascularizados e que dependendo da região a vascularização é maior ou menor. Quanto mais periférico, melhor o aporte sanguíneo, inclusive sendo chamado de zona vermelha e quanto mais for centralizando pior o aporte sanguíneo (zona branca).
E porque isto é importante? Por que dependendo da zona machucada e da sua extensão irá se optar por um procedimento cirúrgico especifico e, isto, irá influenciar diretamente no tempo de recuperação e no retorno as atividades.
Como são as lesões meniscais?
A primeira coisa que devemos saber é que dependendo do nível de atividade e da idade os meniscos, assim como todas as partes do corpo, vão “envelhecendo” e sofrendo um processo de perda de água e degeneração. Esta degeneração é natural, mas podem ocorrer momentos de agudização com dor, edema e limitação funcional. Normalmente não é cirúrgica e é bem controlada com fisioterapia e reforço muscular, porém ao longo do tempo tende a evoluir para uma artrose e um desgaste aumentado da cartilagem articular. Se não bem manejada pode evoluir para a necessidade de uma prótese de joelho.
Outro tipo de lesão é quando temos uma entorse do joelho, levando a uma dor aguda e uma perda da função imediata. Após este momento podemos ter uma lesão meniscal com necessidade de intervenção cirurgia. A primeira coisa que temos que levar em conta é a historia do momento da lesão, depois ao avaliar temos que descartar alguma fratura pelas fraturas de Otawa (principalmente se ocorrer um trauma direto na região) e, então, existe o que chamamos de um escore composto para confirmar a lesão meniscal. Este escore leva em consideração 5 características para confirmar o diagnóstico : bloqueio ou travamento do joelho; Dor na extensão e flexão máxima; sensibilidade na interlinha articular e teste de Mcmurray positivo.
Tratamentos:
A primeira coisa que precisamos saber é qual o tipo de lesão meniscal que estamos tratando: será que é uma lesão decorrente de um processo degenerativo, sem evento traumático e que limita algumas atividades, as vezes apresenta um inchaço, mas pode ser bem manejada sem a necessidade de cirurgia? Esta seria uma lesão de caráter degenerativo e crônico que pode evoluir muito bem após uma boa avaliação e um tratamento bem direcionado, visando a recuperação da função e ganho de força muscular.
Ou será que é uma lesão que tem um evento especifico, como uma entorse de joelho, com o eixo do corpo usando o joelho como ponto fixo e girando, causando um grande trauma no interior da articulação? Neste momento, se o paciente referir muita dor , perda de função , e se encaixar nos critérios do escore composto, normalmente se faz uma ressonância magnética para confirmar o diagnóstico e localizar a região lesionada.
E lembra que falamos da importância de saber da região que sofreu a lesão ? Isto é devido ao fato que, dependendo da magnitude da lesão e se for cirúrgico teremos 2 procedimentos principais:
1 – Sutura meniscal : preserva o menisco e é feito nas regiões mais vascularizadas ;
2 – Meniscetomia: se retira o pedaço machucado, sendo feita nas regiões menos vascularizadas, principalmente.
Vocês acham que o tipo cirúrgico pode influenciar no tratamento fisioterapêutico?
Com certeza!!!
O tratamento pós sutura meniscal é mais demorado, isto porque a zona operada precisa de mais tempo para cicatrizar, não podendo receber apoio de imediato e tendo que se ter cuidado nos ganhos de amplitude de movimento. Normalmente se fica em torno de 2 semamas sem apoio e entre 4 a 6 semanas para se adquirir a amplitude completa do movimento. Isto leva a um pós operatório mais longo.
Já na meniscetomia, como ocorre a retirada da região machucada, o apoio é liberado precocemente, assim como o ganho de amplitudes máximas e o trabalho de fortalecimento. Tudo irá depender do grau de dor do paciente e do cuidado com os sinais inflamatórios. A tendência é que se volte as atividades bem mais rápido do que após a sutura meniscal.
Claro que as 2 tem seus prós e contras, tudo deve ser discutido com o seu médico e tem relação ao nível de atividade e pressa no retorno. No caso da meniscetomia, a possibilidade de uma artose mais precoce é bem grande.
É sempre importante conversar com o médico e procurar profissionais de referência para acompanhar o tratamento.